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Bati um papo com Henrique Pochmann, um profissional que trabalha como freelancer full-time. Ele contou um pouco de sua experiência, falou sobre as dificuldades, o cenário do mercado no Brasil e deu boas dicas para quem está começando na profissão freelancer. Acompanhe a entrevista.
1. Quando e como você iniciou sua carreira como freelancer?
Henrique Pochmann – Comecei a trabalhar como freelancer quando tinha uns 20, 21 anos. Considero meu primeiro trabalho freela o que foi, na verdade, um teste para uma vaga de trabalho.
Tive que layoutar e desenvolver todo um site para provar que poderia ocupar a vaga. Foi a minha primeira experiência, tendo que desenvolver algo a ser aprovado. Este foi o meu primeiro emprego, e o chefe era um carrasco, era do tipo vilão mesmo.
Acho que isso foi o que me motivou a começar a pensar em sempre ter o meu próprio negócio também.
Desde então, mesmo estando em outros empregos, sempre apareciam uns jobs para fazer em paralelo.
Fui levando assim até os 28 anos quando, junto com um sócio, abri a minha própria empresa, um pequeno escritório de comunicação chamado SantoCristo.st.
Passamos por um período de baixa, o escritório não resistiu e acabamos fechando três anos depois.
Então aproveitei toda a bagagem que conquistei como empreendedor e comecei a atuar como freelancer full-time.
2. E como é sua vida hoje, trabalhando como freelancer?
Henrique Pochmann – Muitas pessoas acham que ser freelancer é a salvação da lavoura.
“Vou ser freelancer e não vou mais ter chefe e ninguém me pentelhando”. Não é bem assim. Ao invés de ter um, você vai ter vários chefes e todos com humores e urgências diferentes.
Cada dia é uma nova escola. Suas responsabilidades dobram, triplicam.
A vida de freelancer é uma aventura, cada dia é diferente e o seu negócio depende exclusivamente de você.Não é exatamente toda essa liberdade que muitos pensam por aí. As contas começam a chegar e é você que precisa dar um jeito nisso, o dinheiro não vai entrar na conta sem que você se mexa para que isso aconteça.
Mas, em contrapartida, você tem autonomia para conduzir os projetos como quiser (à medida que os clientes permitirem), tem flexibilidade de horários de trabalho, tem também a possibilidade de ganhar mais do que em um emprego formal e ainda pode investir seu esforço em projetos particulares, que para mim é a maior vantagem.
3. Quais as maiores dificuldades encontradas?
Henrique Pochmann – Acho que a maior dificuldade é o isolamento. Tanto a solidão, de trabalhar sozinho em casa, quanto de ideal de carreira.
As pessoas (família, amigos,…) tendem a acreditar que não vai dar certo e você vai voltar correndo para próxima oportunidade de trabalho que surgir, isso desmotiva bastante.
Infelizmente, no Brasil, quem quer ser dono do próprio negócio é visto como louco.Outra dificuldade são os altos e baixos nos rendimentos, em alguns meses entra muita grana, em outros, não entra nada. É o ônus e o bônus de ter o seu próprio business.
Mas, com o tempo, você aprende a administrar bem tudo isso.
4. Na sua opinião, qual o erro mais comum que impede o profissional freelancer de ter sucesso?
Henrique Pochmann – Não acreditar nele mesmo. Isso impede ele de quebrar a rebentação. Quebrar a rebentação é superar as dificuldades do começo.
O início é uma fase incerta e acho que todo profissional fica se perguntando “será que eu vou conseguir?”, então qualquer coisa errada que acontece já é motivo para desespero e pensar “isso não é pra mim”.
É importante ter calma e não pensar em resultados imediatos. Para quebrar a rebentação é preciso fôlego.
5. Como você vê hoje o papel do freelancer dentro da economia mundial?
Henrique Pochmann – Não posso falar muito em nível mundial, porque minha experiência é aqui mesmo.
Mas sei que nos EUA existe uma associação de trabalhadores independentes chamada Freelancers Union (www.freelancersunion.org), que provê um grande suporte aos associados, acho que até plano de saúde tem.
Se existe uma iniciativa dessas é porque tem muita gente trabalhando dessa forma por lá, e se tem gente trabalhando assim é porque tem um bom mercado.
6. E no Brasil como está o cenário do mercado de projetos?
Aqui no Brasil acho que cada vez mais as empresas estão abertas a trabalhar com profissionais independentes.
Mas o desafio está em elas não enxergarem como mão de obra barata e sim como mão de obra boa.
A jogada é fazer as empresas pararem de pensar “vou contratar um freelancer porque é mais barato” e sim “vou contratar um freelancer porque quero bem-feito”. Mas cada caso é um caso.
Vão sempre existir empresas que optam por contratar outras empresas e as que vão preferir trabalhar com freelancers, varia muito de acordo com o porte da empresa e tamanho da demanda.
7. O que podemos esperar da profissão freelancer no futuro?
Henrique Pochmann – Acredito que o formato de trabalho freelancer vai se popularizar cada vez mais.
A impressão que eu tenho é que está havendo uma mudança muito grande de consciência, muitos profissionais estão mudando a sua forma de encarar a vida.
Estão migrando do “trabalhar, trabalhar, trabalhar para poder acumular mais coisas que não precisam” para “trabalhar, mas curtir também a família, os amigos, viajar”.
Está havendo uma mudança de valores.
Acho que cada vez mais vão chegar ao mercado profissionais com essa nova forma de pensar.
E o formato de trabalho freelancer tem mais a ver com isso.
8. Que dicas você daria para quem está começando ou pensando em iniciar a carreira como freelancer? Aquilo que você fez e deu certo.
Henrique Pochmann – Acho que antes de começar como freelancer o lance é adquirir muita experiência, trabalhar com o maior número de profissionais que puder, construir relacionamento com as pessoas e construir um portfólio. Aí sim dar a cara para bater.
E não encarar os erros como algo ruim, um erro significa que agora você está mais próximo de acertar.
Muitas vezes as propostas que enviamos não fecham, elas não fecham por muitos fatores, às vezes não é o seu trabalho que é ruim ou seu preço que não é bom.
É importante o freelancer não deixar abalar sua autoestima e seguir motivado e atuante.
Eu acredito muito em projetos paralelos.
O freelancer deve aproveitar os períodos de pouco trabalho para investir em algo seu, algo que no futuro possa gerar uma renda e permitir que ele possa escolher mais os trabalhos que quer fazer.
É importante também pensar em colaborar com outras pessoas. O que você pode fazer hoje, o que você sabe que outras pessoas também se interessariam em saber?
Foi com esse pensamento que criei o Aparelho Elétrico (http://aparelhoeletrico.com). É um projeto que não me dá dinheiro diretamente, mas meus clientes vêem isso como um diferencial na hora de me contratar. Sem contar o quanto é motivador receber várias mensagens agradecendo pelo conteúdo.
Você pode entrar em contato com Henrique Pochmann através de seu site pessoal
www.henriquepcm.com
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